A suposta compra de votos para o Rio de Janeiro ser eleita a sede da Olimpíada de 2016
está no radar do FBI, que levanta informações sobre uma eventual
participação do sistema financeiro norte-americano nas transações
identificadas de pagamentos de propinas e na participação de outros
membros do Comitê Olímpico Internacional. O escândalo de corrupção
envolvendo o movimento olímpico ainda levou membros do COI a falar
abertamente neste final de semana sobre o fato de que "novas revelações"
serão feitas em breve sobre a dimensão do escândalo.
Na última sexta-feira, o COI tomou uma decisão inédita de suspender o Comitê Olímpico do Brasil (COB) e de afastar o brasileiro Carlos Arthur Nuzman dos cargos internacionais.
O anúncio ocorreu um dia depois da prisão do dirigente, no Rio de
Janeiro, suspeito de compra de votos para garantir à capital carioca a
sede do evento de 2016.
O Estado apurou, porém,
que o trabalho de investigação sobre a compra de votos não está limitado
ao Brasil e à França, país que deu início ao inquérito. Já no ano
passado, encontros foram realizados nos Estados Unidos entre membros do
FBI, de agências norte-americanas de inteligência e procuradores
estrangeiros.
Pessoas que estiveram no encontro indicaram que
ficaram surpreendidas com os detalhes que o FBI já possuía sobre os
bastidores do COI. Procurados, representantes da agência norte-americana
indicaram que a política da entidade é de não se pronunciar sobre
inquéritos em andamento.
O FBI, que liderou um maior golpe contra a
corrupção na Fifa em 2015, estaria interessado nos negócios do
movimento olímpico, ainda que por enquanto nenhum processo criminal
tenham sido aberto.
A agência norte-americana ainda atua para
tentar identificar o paradeiro do empresário brasileiro Arthur Soares,
conhecido como "Rei Arthur". Ele tem a sua prisão decretada no Brasil,
mas está foragido. Uma das hipóteses é de que ele teria fugido em um
iate, a partir de Miami. Uma de suas empresas, a Matlock Capital Group,
teria sido responsável por transferir US$ 2 milhões para membros do COI.
A pedido do Brasil e da França, a Justiça norte-americana passou a
buscar o suspeito. Procuradores brasileiros indicaram que ele voou de
Lisboa para Pittsburgh no dia 24 de agosto e que poderia estar em Miami.
NOVAS REVELAÇÕES
Neste final de semana,
membros do COI abandonaram o silêncio e, com a suspensão de Carlos
Arthur Nuzman efetuada, usaram as redes sociais para defender o
afastamento do brasileiro, presidente do COB e do Comitê Organizador do
Rio-2016.
Em uma delas, Richard Peterkin, tesoureiro da
Organização Pan-Americana de Esportes (ODEPA), alertou que "novas
revelações" estariam para serem realizadas. Ele teme que uma crise da
dimensão da que a Fifa foi jogada poderia também afetar o COI. "A
decisão do COI tinha de ser tomada. Havia evidências demais, algumas das
quais auto-incriminatórias", escreveu. "O dano para a reputação do
movimento olímpico é enorme e novas revelações estão para ser
realizadas", alertou. "Temos de secar o lodaçal", insistiu.
O
início do envolvimento do FBI, em 2016, coincide com uma declaração que,
na época, chamou a atenção. Há um ano, o presidente dos Estados Unidos,
Barack Obama, sugeriu que a escolha das sedes dos Jogos Olímpicos era
manipulada. Em uma entrevista publicada na New York Magazine, ele não
deixou dúvidas sobre o que pensa do COI e mesmo da Fifa. Seu ataque visa
especificamente a escolha da sede de 2016, que acabou ficando com o Rio
de Janeiro.
Uol Notícias
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