As denúncias envolvendo trabalho infantil no Piauí cresceram mais de 10
vezes em apenas três anos, segundo o Ministério Público do Trabalho
(MPT). Entre 2014 e 2017, o MPT recebeu 77 denúncias envolvendo
crianças. Em 2014, apenas seis denúncias foram recebidas. Já a partir de
2015, até 2017, foram mais 71 casos, o que representa um aumento de
11,8 vezes no total.
Com esses números, o Piauí ocupa o primeiro lugar no Ranking Nacional
do Trabalho Infantil no Brasil, com crianças e adolescentes de 5 a 17
anos em situação de trabalho. Segundo o procurador do Trabalho, Edno
Carvalho Moura, os cenários mais críticos estão no trabalho agrícola
infantil, doméstico e em vendas nas vias públicas.
“Na área rural, geralmente, o trabalho acontece dentro da própria
família, quando as crianças ajudam os pais na roça. Já o trabalho
infantil doméstico é mais difícil de enfrentar, porque acontece dentro
das casas dos cidadãos e os domicílios são invioláveis sem mandados
judiciais. A sociedade é complacente, pois boa parte acredita estar
ajudando as crianças, quando elas estão, na verdade, sendo exploradas”,
ele explica.
O Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
mostrou que o Brasil possuía mais de 3,4 milhões de crianças de 10 a 17
anos em alguma ocupação no ano de 2010. O Piauí registrou 62.402
crianças nessa situação no mesmo período. A maioria dos casos no Estado,
segundo a pesquisa, concentra-se na faixa etária de 10 a 15 anos, com
aproximadamente 56,4%.
Legislação proíbe qualquer atividade antes dos 14 anos
De acordo com o Capítulo V do Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA), que trata sobre o direito à profissionalização e à proteção do
trabalho, apenas adolescentes a partir dos 14 anos podem trabalhar na
condição de aprendiz. A norma ainda determina que é permitido o contrato
formal aos 16 anos, desde que observadas condições físicas e
psicológicas. Além disso, é proibido o trabalho noturno e o adolescente
deve frequentar a escola regularmente.
A Coordenadoria Nacional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança
e do Adolescente (Coordinfância), do MPT, trabalha para coibir esse
tipo de exploração através de promoção e supervisão de ações que impeçam
que crianças ingressem no mercado de trabalho e tenham seus direitos
violados.
Criada em 2000, a Coordinfância atua, principalmente, na promoção de
políticas públicas para prevenção e erradicação do trabalho infantil
informal, efetivação da aprendizagem, proteção de atletas mirins,
trabalho infantil artístico, exploração sexual comercial, autorizações
judiciais para o trabalho antes da idade mínima, trabalho infantil
doméstico, trabalho em lixões, dentre outras áreas.
Para denunciar
As denúncias podem ser feitas no canal de atendimento Disque 100,
registradas e encaminhadas à rede de proteção e responsabilização.
Quando envolve trabalho infantil, são enviadas ao MPT, para investigação
mais específica.
A ligação para o serviço é gratuita e permite o anonimato do
denunciante. Em 2016, o canal recebeu 77.290 denúncias de violações
referentes a crianças e adolescentes.
G1.com
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