O deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), relator da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, disse nesta segunda-feira (9) à imprensa
que ainda não concluiu o parecer e que só irá entregá-lo à Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) na tarde de terça-feira (10). Cabe ao
relator recomendar a continuidade ou a rejeição das acusações.
A reunião do colegiado está convocada para as 10h, mas o relator
justificou que o prazo é “apertado” para uma “tarefa tão complexa”. Ele
descartou pedir mais um dia para apresentar o relatório.
Na noite desta segunda, o presidente da comissão, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), afirmou que a reunião desta terça está mantida para a manhã, a não ser que o relator não consiga concluir o parecer na terça, o que ele considera improvável.
“Estou enfrentando um pesado ônus. O ideal seria ter mais um dia [de
prazo], mas acontece que vou me esforçar para ficar dentro dos prazos.
Vou entregar amanhã [terça] na parte da tarde. A reunião está marcada
para as 10h, mas estou achando apertado [o horário]. Possivelmente, vou
entregar no período da tarde, umas 14h ou 15h”, disse.
Ele explicou que irá se reunir com Pacheco, na noite desta segunda para acertar os detalhes sobre o horário da leitura.
Temer foi denunciado por obstrução à Justiça e organização criminosa.
Também foram acusados na mesma denúncia os ministros Moreira Franco
(Secretaria-Geral) e Eliseu Padilha (Casa Civil) pelo crime de
organização criminosa.
Para que o presidente da República seja investigado pelo Supremo
Tribunal Federal (STF), é preciso que, antes, a Câmara dê a autorização.
Andrada disse que passou o fim de semana debruçado sobre a denúncia
elaborando o parecer. Para dar conta da leitura da análise da
Procuradoria Geral da República, o relator tem contado com a ajuda de
dois grupos de assessores técnicos.
Ele explicou que ainda não chegou a uma conclusão sobre como será o seu voto: se a favor ou contra o prosseguimento da denúncia.
“Não tenho ainda opinião formada, quando leio um argumento que me faz
pensar de um jeito, logo leio outro que me faz mudar de opinião. A coisa
é complexa”, declarou.
Bonifácio disse à reportagem que trabalha para que o parecer tenha em torno de 30 a 40 páginas.
“A primeira redação estava com 80 páginas, quase 90, mas eu fiz uma
mudança muito grande e caiu para 50 ou 40 páginas. Acho que vai ser umas
40, talvez até menos se eu conseguir alterar determinados conceitos que
foram colocados ali. Eu quero fazer um documento mais resumido, por
volta de 30, 40 páginas, por aí, para não ser cansativa a leitura e o
povo ter conhecimento”, afirmou.
Após a leitura do parecer, cada advogado de defesa poderá se manifestar na CCJ pelo mesmo tempo usado pelo relator.
Em seguida, deverá ser concedido um pedido de vista para que os
deputados tenham um prazo extra para analisar o texto. Com isso, a
discussão e a votação do parecer só deverão acontecer na semana que vem.
Depois de votada na comissão, a denúncia segue para a análise do
plenário principal da Câmara. O processo terá continuidade no STF se
receber o aval de ao menos 342 dos 513 deputados.
G1.com
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