Pelo menos 20 famílias da comunidade
Barroso 2, no Passaré, se mudaram levando móveis, eletrodomésticos e um pouco
da história daquele lugar. O motivo foi o medo, após ameaças de
facção criminosaque pichou os muros de travessas na rua Unidos Venceremos,
ordenando que os moradores deixassem as casas. “Amanheceu quarta-feira com
essas pichações. Foi nosso presente de Ano Novo”, ironizou uma moradora que se
preparava para deixar a casa na noite de ontem.
Com 52
anos de idade, 22 deles morando na comunidade com filhos e netos, outra mulher
explica que foi uma das primeiras famílias a começar a morar na área. “Quem
fundou esse conjunto foi nós (SIC), aqui tudo era mato”, relembra. “A gente vai
ver como vai ficar a situação. A qualquer momento, se aparecer labareda de fogo
ou bala dentro de casa, a gente vai sair. Se a situação apertar”, conta outra
moradora, que mora lá há 16 anos.
No
muro de uma das residências, a pichação avisava que quem ficasse morreria. Na
porta, havia escrito um Pai Nosso, como quem busca proteção. Dois idosos
conversavam na calçada e um deles garantiu que não vai deixar a própria casa.
“Não me intimido com nada. Tenho 73 anos e moro aqui há mais de 20. Só saio
quando Deus me levar”.
Algumas das pichações já foram
apagadas. A Polícia Militar, a todo momento, passava na rua. O Batalhão de
Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (BPRaio), o Comando de
Distúrbios Civis (CDC) e a Força Tática se mantinham por lá. Segundo uma
moradora, a Cavalaria também esteve no local. A mulher, que também permaneceu
em casa, disse que se sentia segura com a presença policial.
A Polícia escoltava as
mudanças. Os pequenos comércios estavam fechados e a área estava vazia, como um
cenário de filme de faroeste. Entre mulheres, idosos e crianças que ainda
permaneciam nas calçadas, havia o semblante de preocupação.
É unânime a tese de que as
pichações foram feitas por facção criminosa que pretende se apossar das casas
para criar pontos de drogas e outras atividades ilícitas.
A Secretaria da Segurança
Pública (SSPDS), por sua vez, enviou nota informando que dois homens e uma
mulher foram presos suspeitos da pichação. Com eles, foram apreendidas duas
armas de fogo, balanças de precisão e entorpecentes. Os presos foram encaminhados
para o 13º Distrito Policial, onde foram autuados por porte ilegal de arma,
tráfico e associação para o tráfico de drogas.
Matéria publicada no site da
SSPDS sobre as prisões não esclarece a relação dos suspeitos com as pichações.
Informa apenas que as investigações acerca das ameaças nos muros continuarão
até que todos os envolvidos sejam identificados e capturados.
O Povo
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