Ao
soar o sinal, próximo do meio-dia, as turmas de ensino médio da Escola Estadual
de Educação Profissionalizante (EEEP) Adriano Nobre, em Itapajé, começam a
deixar as salas de aula. Em direção ao refeitório, os adolescentes caminham em
fila, sem correria ou alvoroço, ainda que a fome atine na hora do almoço. A
instituição, localizada a cerca de 128 km da Capital, foi a melhor do Estado e
a 8ª do País no âmbito do ensino médio público, conforme o Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2017.
Cercada por serras e
caatinga, a tranquilidade na instituição de tempo integral se integra à
paisagem natural da cidade que tem cerca de 51 mil habitantes.
Durante o dia, as
atividades se alternam. Enquanto algumas turmas se concentram em aulas ou seminários
em sala, outras se reúnem no pátio em um círculo de leitura ou encenam no
auditório uma peça baseada em Machado de Assis, por exemplo.
Segundo a diretora
Silvandira Mesquita, além de seguir a matriz regular de ensino, a escola possui
autonomia para promover distintos projetos e atividades, que se enquadram numa
base curricular diversificada. Soma-se a isso a formação profissional em
Administração, Contabilidade, Enfermagem, Finanças, Informática e Meio
Ambiente.
A disciplina é marca
visível no comportamento de alunos e no modus operandi da instituição.
"Eles têm ordem de saída para o lanche, para o almoço, para respeitar a
equidade. Cada dia uma turma sai primeiro e depois vai alternando. Sempre em
filas, obedecendo o espaço do outro. E aí não tem esse alvoroço. Dá uma ideia
de tranquilidade e respeito ao colega", indica a gestora.
Entre os alunos, o
regramento é bem assimilado e considerado até um dos principais fatores
que não só sustentam o bom desempenho em testes, mas também facilitam a adoção
de uma rotina de estudo eficaz para a aprendizagem, tanto na escola como em
casa. Até porque aliar os ensinos médio e profissionalizante significa ter de
lidar com conteúdo programático de dois currículos distintos. De segunda a
sexta-feira, são nove disciplinas ofertadas durante a manhã e a tarde.
"Quando a gente
chega, tem dois dias de preparação só pra essas regrinhas. Então, acaba se
acostumando. Quando lembro que na minha antiga escola não tem isso, eu penso
como é que funcionava", compara a estudante Ivana Brandão, 17 anos.
"Isso ajuda a gente a organizar o tempo, a ter foco e meta", completa
a colega Ianne Silva, 17. Ambas estão no terceiro ano e estudam Administração.
Como atingir bom
desempenho no Ideb, em um cenário em que o próprio Ceará e o País não
alcançaram as metas estabelecidas pelo Ministério da Educação (MEC) para o
ensino médio em 2017, é uma das indagações que se erguem. Outra é como a escola
consegue destaque, uma vez que integra o grupo de 119 EEEP uma das principais
políticas educacionais do Estado que, em tese, possuem um modelo padronizado.
Silvandira explica
que os estudantes são preparados desde o 1º ano do ensino médio com aplicação
de simulados e resolução de questões que englobam conteúdos e habilidades
cobrados pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). A preparação,
contudo, faz parte da rotina de escolas que almejam bons resultados. O
diferencial, então, estaria nas "minúcias".
"Todas as
pessoas, do auxiliar de serviços ao núcleo gestor, sabem que o seu papel
fundamental aqui dentro é cuidar da educação integral dessa juventude.
A preocupação com o
currículo não é só para as avaliações externas. Temos aulas voltadas para
cuidar do emocional e inúmeros tipos de saúde: relacional, familiar,
espiritual. A gente cuida desses aspectos para que os alunos saiam daqui não só
preparados para ingressar no mercado de trabalho, mas para a vida", resume
a diretora.
Fonte: O Povo
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