O último debate entre os candidatos ao Governo do
Ceará, realizado nesta terça-feira (2) na TV Verdes Mares, teve o
candidato à reeleição, Camilo Santana (PT), como principal
alvo das críticas. A aliança com 24 partidos, a relação com o senador Eunício
Oliveira (MDB) e os problemas na segurança pública ganharam destaque nos
ataques dos adversários ao petista.
O debate reuniu os quatro candidatos cujos partidos
têm representação na Câmara dos Deputados e no Senado. Além de Camilo,
participaram General Theophilo (PSDB), Hélio Góis (PSL) e Ailton Lopes (Psol).
Alianças
Logo no primeiro bloco, General Theophilo caracterizou
a aliança feita por Camilo como “vale tudo” pelo poder. “Qual o preço dessa
aliança?”, criticou o tucano. O candidato do PSDB também ressaltou doação de
campanha do presidente do Senado ao governador, ainda que não estejam em
aliança formal. Em resposta ao adversário, o petista afirmou que não faz
política com ódio ou com rancor.
“A população está cansada de discurso fácil.
Visitei todos os municípios do Ceará, sou uma pessoa que gosta de dialogar, de
andar nas ruas. Se hoje tenho vários partidos me apoiando é porque acreditam
nesse projeto”, defendeu o governador.
Entretanto, Theophilo não foi o único a questionar
Camilo. Assim como o General, Ailton Lopes criticou a relação do atual
governador com o senador Eunício Oliveira.
O petista saiu em defesa do presidente do Senado,
com quem faz campanha em aliança informal, e disse que Eunício o ajudou a
destravar recursos para o Ceará. “Nunca negociei nada com o senador Eunício,
sempre foi muito franco, temos nossas divergências, mas pra mim foi um senador
que ajudou e por isso o apoio nessas eleições, sem esconder de ninguém”,
respondeu Camilo.
“Não se trata mesmo de ódio, mas de resultado. É
importante saber que esse mesmo Eunício é responsável pela mesma crise política
e crise econômica que ele culpa. Dizer que Eunício ajudou? É aquele cara que dá
com uma mão e tira com a outra. Eunício Oliveira foi responsável pela emenda
que congela os investimentos em educação, saúde e política social”, retrucou
Ailton.
Segurança
Durante questionamentos sobre segurança, ganharam
destaque temas como índices de violência, instalação de bloqueadores de
celular, investimentos em presídios e controle do tráfico de drogas.
Theophilo, que promete redução de 50% dos
homicídios se eleito, afirmou que a proposta foi inspirada em sua atuação como
militar em países como Colômbia e Haiti. Ele também fez críticas à dominação de
facções em conjuntos habitacionais do Governo, com expulsão de famílias. “São
mais de 137 famílias expulsas de suas residências, refugiados dentro do próprio
estado”, pontuou.
Camilo foi questionado sobre a instalação de
bloqueadores de celulares nos presídios e fez referência à aprovação de projeto
na Assembleia Legislativa que obrigava a instalação pelas operadoras, mas que
foi barrado na Justiça. Theophilo pontuou, no entanto, que os bloqueadores já
foram implantados no Rio Grande do Norte, em Goiás e em São Paulo.
O governador voltou a ressaltar que contratou 9 mil
policiais e prometeu instalar no Estado o primeiro centro de inteligência
integrada. Ele também falou sobre a construção de um presídio de segurança
máxima e sobre projeto para acabar com cadeias públicas, construindo presídios
regionais, dos quais o primeiro será feito na Região Metropolitana.
“Isso aqui não é um concurso de promessa. A gente
tem colocado que é preciso trabalhar na segurança com cientificidade. O Estado
chega com opressão, com polícia. Falta saneamento, falta educação, falta saúde,
mas chega o Raio”, criticou Ailton.
Educação
A educação foi o primeiro tema em destaque, a
partir de questionamento de Camilo a Helio Góis sobre propostas na área. Hélio
disse que, se eleito, “vai colocar a escola em seu devido lugar”.
“Em sala de aula se ensina, e não se educa.
Educação é obra e trabalho da família, em sala de aula deve ser ensinado matéria
e as ciências em termos gerais, não trazer a educação como algo próprio da
militância, fazer com que nossos alunos sejam submetidos a um tratamento de
choque por pessoas que estão lá para doutriná-los”, disse Hélio.
O candidato do PSL falou ainda que, se eleito,
qualquer professor que esteja na rede de ensino e que esteja “doutrinando
crianças” ou “sensualizando em idade precoce” sobre “ideologia de gênero” terá
de responder a processo administrativo.
O governador ressaltou o destaque do Ceará na educação,
com 82 das 100 melhores escolas de educação básica do país e pontuou uma série
de investimentos na área. Porém, Hélio repercutiu denúncias de fraude no
desempenho das escolas.
O tema também foi destaque em discussão entre
Ailton e Hélio. Ailton pontuou problemas de repasse de verbas do governo para o
ensino superior e defendeu concurso para professores efetivos. No confronto, o
candidato do Psol chegou a corrigir afirmação do concorrente do PSL de que
destinaria a verba do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) para o setor.
O psolista esclareceu que o Fundef agora se chama
Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica) e não se destina ao ensino
superior.
Fonte: Tribuna do Ceará
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