As áreas de Saúde e Educação são, de fato, sensíveis no governo,
mas um dos principais desafios da próxima gestão estadual é o combate à
violência. Principalmente porque, no Ceará, aumentaram em quase 50% as mortes
de crianças e adolescentes entre 2016 e 2017. É alarmante também o último
balanço do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que contabilizou 5.332
assassinatos no ano passado, no Ceará.
O coordenador do Laboratório de Estudos da Violência da
Universidade Federal do Ceará (UFC), César Barreira, pensa que a alternativa
mais acertada é investir mais em educação. "Precisaríamos de políticas que
levassem a uma articulação direta entre ações não específicas da polícia, como
tornar 100% das escolas de tempo integral. Eu não daria muita ênfase ao Raio,
acho que é uma polícia muito específica e não pode ser o carro-chefe do
governo", opinou.
A especialista em segurança pública Melissa Risso, diretora do
Instituto Sou da Paz, atesta que existe uma ausência crônica do Governo Federal
junto aos Estados no combate à violência. "Tivemos avanços com a criação
do Ministério da Segurança Pública, porque traz esse direito pra destaque
dentro da estrutura pública, mas o Estado ainda precisará fazer todo o custeio
e, portanto, não tem espaço pra fazermos uma política de segurança que não seja
baseada em evidência".
Economia
e infraestrutura
A 12ª posição no ranking de competitividade ocupada pelo Ceará,
no estudo feito este ano pelo Centro de Liderança Pública (CLP), é fruto de
investimentos em setores como o aéreo e marítimo. Para o economista Aécio
Santiago, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), no entanto, esse
modelo de desenvolvimento "concentrador" pode não ter os efeitos
desejados. "Algum emprego é gerado, mas não na medida necessária para as
condições sociais do Estado. As funções simples absorvem pessoas que moram na
região e as principais funções são de pessoas da Capital ou de outros
estados".
Na esteira desse cenário, vem o setor de infraestrutura no Ceará
que, de acordo com levantamento feito pelo Diário do Nordeste, está com 2.479
obras paralisadas. O professor do Departamento de Engenharia de Transportes da
UFC, Jorge Soares, elenca a mudança de sistemática de pavimentos asfálticos
como tarefa que deve receber atenção. "Agora mais do que nunca, porque o
DNIT vai mudar a metodologia de pavimento e não só vai implicar aquisições de
equipamentos de laboratório, mas capacitação de mão de obra de modo a fazer
projetos de melhor qualidade".
Fonte: Diário do Nordeste
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