As cidades cearenses de
Itapipoca, Tururu e Uruburetama, passaram a ter novos limites intermunicipais,
após o governador Elmano de Freitas sancionar, em 13 de maio, o projeto de lei
que altera as linhas divisórias oficiais do mapa do Estado.
O novo mapeamento foi feito
por meio de uma cooperação técnica entre o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica
do Ceará (Ipece), a Assembleia Legislativa do Estado (Alece) e o IBGE, que
lideram o ‘Projeto Atlas de Limites’. Conforme as próprias entidades, a
deliberação engloba consensos estabelecidos entre as administrações municipais
envolvidas.
Em nota, o Ipece explicou
que as localidades afetadas já eram administradas pelos respectivos municípios,
que ofertavam serviços públicos e exerciam a “presença institucional”, como a
gestão de escolas e postos de saúde que estão nas áreas que ganham nova “sede
oficial”. O projeto vem, portanto, formalizar essa divisão que ainda não estava
no mapa do Estado.
Em paralelo, de acordo com
o Ipece, a iniciativa busca enfrentar as consequências da falta de precisão nos
limites municipais:
Indefinição de jurisdição
quanto à prestação de serviços e assistência à população;
Equipamentos públicos
construídos fora dos limites do município e a consequente invasão
administrativa de territórios vizinhos;
Indefinição do domicílio
municipal afetando o sentimento de pertencimento dos moradores locais;
Distorções na arrecadação
de impostos e dados estatísticos;
Imprecisão no repasse do
Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e no Fundo de Manutenção do Ensino
Básico (FUNDEB).
“Agora, com a regularização
de fato e de direito, consolida-se o vínculo formal e legal. Importante
ressaltar que não há perda de recursos para nenhum dos cinco municípios, pois
os ajustes foram feitos com base em consensos, respeitando a realidade
territorial e o pertencimento da população”, disse Cleyber Nascimento de
Medeiros.
Analista
de Políticas Públicas do Ipece
Nesse cenário, a cidade
mais afetada pelas mudanças é Itapipoca, no Litoral Oeste do Ceará, que
“perdeu” seis áreas: Capelão, Mulungu, Serrotinho, Saco Verde, Severino e Mundaú.
O PontoPoder acionou a Prefeitura acerca dos novos limites do município, mas
não recebeu retorno. O espaço segue aberto para manifestação.
ITAPIPOCA
>>> TURURU
No pacote de mudanças,
Tururu é o município que mais “ganha” localidades a partir dos novos limites:
Capelão, Mulungu, Serrotinho e Saco Verde passam a integrar a cidade —
anteriormente, todas estavam no mapa oficial de Itapipoca.
Tururu já administrava as
áreas, reforça o Ipece, mas o projeto vem no sentido de regularizar a situação
legal. Além disso, a oficialização envolve os seguintes equipamentos públicos:
Escola EMEF Francisca
Moreira de Freitas, de Mulungu;
Escola EMEF Raimunda Gomes
de Sousa Mendonça, de Saco Verde;
Creche Nossa Senhora das
Dores, de Mulungu;
Unidade Básica de Saúde de
Mulungu.
Prefeito de Tururu,
Elinaldo Monteiro (União Brasil) aponta que os moradores dessas comunidades, ao
longo dos anos, sempre se sentiram pertencentes ao município, tanto que as
necessidades básicas, como saúde, educação, assistência social, dentre outras,
sempre foram cobradas e reivindicadas aos gestores da cidade.
“Com a oficialização da
mudança territorial, o atual e futuros gestores do município de Tururu poderão
direcionar recursos diretos para beneficiar a população dessas comunidades,
além de poderem atender de perto suas demandas estruturais, o que antes não era
permitido devido às proibições legais”, disse Elinaldo Monteir, Prefeito de
Tururu
O gestor evidenciou, ainda,
que o acordo só foi possível acontecer com a cooperação do prefeito de
Itapipoca, Felipe Pinheiro, que “teve um olhar sensível à situação das
comunidades” e concordou em assinar a formalização do ajuste dos novos limites
territoriais. Além disso, acrescenta Monteiro, outro ponto levado em conta foi
o fato de que os moradores já tinham escolhido Tururu como domicílio eleitoral.
ITAPIPOCA
>>> URUBURETAMA
A partir da nova divisão,
Itapipoca deixa de administrar outras duas localidades: Severino e Mundaú
passam a fazer parte da cidade de Uruburetama, no Vale do Curu. Nos mesmos
moldes dos outros acordos, conforme o Ipece a atualização também é fruto de um
consenso entre as duas administrações municipais e envolve a oficialização de
equipamentos públicos, como:
Escola EEIF Roberto Flávio
Bastos Araújo, em Severino
Escola EEIF Manoel Cesário
Barroso, em Severino
Unidade Básica de Saúde PSF
II, em Severino
Via assessoria do gabinete
do prefeito Branco do Angelim, a Prefeitura de Uruburetama explicou que já
administrava essas duas localidades, o que envolvia a oferta de serviços. Além
disso, a gestão reforçou que a população das áreas está feliz com a decisão até
mesmo por questões logísticas, ressaltando que o deslocamento para a sede
uruburetamense é considerado mais viável do que para Itapipoca, por
exemplo.
“A redefinição dos limites
traz ganhos institucionais e sociais. Para as localidades, o principal impacto
é a garantia da cidadania e do acesso a serviços públicos, já que passam a
integrar formalmente o município que já as administra de fato. Para os
municípios, mesmo aqueles que cedem áreas, o ajuste assegura maior segurança
jurídica, evita conflitos de jurisdição e contribui para uma gestão territorial
mais eficiente, além de eliminar distorções em dados estatísticos”, afirmou
Cleyber Nascimento de Medeiros.
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