Irauçuba, Forquilha e Pedra Branca
são os municípios que possuem as maiores taxas de letalidade da Covid-19 no
Ceará. No período de 1º de janeiro de 2020 até esta terça-feira (18), as três
cidades registraram, respectivamente, taxas de 4,68%, 5,45% e 7,46%. É o que
apontam dados oficiais da plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do
Ceará (Sesa). As prefeituras, entretanto, tem dados diferentes.
O cálculo é feito a partir do número
de óbitos e total de casos confirmados da doença. Conforme
o IntegraSUS, até terça, houve 684 diagnósticos positivos e 51 mortes em
decorrência do coronavírus em Pedra Branca. Forquilha, por sua vez, somou
1.303 casos e 71 óbitos, enquanto que Irauçuba acumulou 770 casos
confirmados e 36 mortes.
Maior percentualidade de letalidade
Pedra Branca apresenta o maior
percentual de letalidade entre todos os municípios cearenses durante a
pandemia. E ainda apresentou altas taxas na primeira onda – de 1º de janeiro a
30 de setembro de 2020 – e na segunda – de 1º de outubro de 2020 a 18 de maio
de 2021.
Na primeira onda pandêmica, o
município registrou 363 casos de Covid e 29 óbitos, atingindo taxa de
letalidade de 7,98%. Era ultrapassado somente por Guaiúba,
com 9%; e Penaforte, com 8,88%.
Já na segunda onda, Pedra Branca
passou a ter a segunda maior taxa de letalidade (6,85%), a partir de 321 casos
e 22 óbitos. Ficou atrás apenas de Forquilha, com taxa de 7,94%, a partir
de um total de 529 casos de Covid e de 42 mortes pela doença.
Números que divergem
Embora os
dados do IntegraSUS apontem para tal percentual, o boletim da
Prefeitura de Pedra Branca contou 1.480 casos confirmados de Covid-19 e 53
mortes, até às 15h04 desta quarta-feira (19). O que reduziria a taxa de
letalidade de 7,46% para 3,58%. A cidade chegou a
realizar barreiras sanitárias para conter o avanço da doença.
O boletim da Prefeitura de Forquilha
também apresenta dados distintos, com 2.029 casos confirmados e 80
óbitos pelo coronavírus, com uma taxa de letalidade, portanto, de 3,94%.
A Prefeitura de Irauçuba, porém,
indica 858 casos confirmados e 54 óbitos. Os dados elevam a
taxa apresentada pelo IntegraSUS, de 4,68%, para 6,29%.
Taxas de letalidade são menores na segunda onda
De acordo com
plataforma IntegraSUS, na primeira onda da pandemia as taxas de letalidade
pela Covid nos municípios foram mais altas, chegando à casa dos 9%. Porém, na
segunda onda, esse percentual não passou de 7%.
Infectologista e professora
da Faculdade de Medicina da UFC, Mônica Façanha ressalta que a taxa de
letalidade se trata de uma proporção. Logo, como a quantidade de testes
realizados na segunda onda foi maior, é esperado que o
total de diagnósticos positivos da doença também cresça.
Logo, a taxa de letalidade tende a ser menor “porque tem um
denominador maior”.
A especialista também pondera que casos mais leves não são diagnosticados. Por isso, não entram na estatística. E isso pode justificar a taxa de letalidade mais elevada em alguns municípios.
Não
é porque a doença está sendo mais grave lá. Pode ser que os casos menos graves
não estejam sendo notificados”
Infectologista e professora da
Faculdade de Medicina da UFC
Mônica Façanha atenta também que, de
outubro de 2020 para cá, os hospitais e os profissionais de
saúde estão hoje mais preparados para abordar e tratar o
paciente. No início da pandemia, exemplifica, autoridades de
saúde recomendavam a procura
por hospitais somente quando o paciente apresentasse
sintomas mais preocupantes, como falta de ar. E isso mudou.
“A oximetria ajudou a antecipar o
tratamento. Também passamos a ter mais leitos para acolher os pacientes,
tanto de UTI quanto de internação, que eram muito menores”, elenca, projetando
para uma tendência de queda gradual das taxas de letalidade.
“Quando a gente vê uma taxa de letalidade
alta pode ser que a doença esteja mais grave realmente [nesse local] e está
matando mais. Ou pode ser porque estamos diagnosticando poucos casos que não
são muito graves. É preciso investigar o que está acontecendo com esses locais
onde a taxa está alta”.
Informação: Diário do Nordeste

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