Situações de seca,
estiagem, chuvas intensas, enxurrada e vendaval fizeram cidades cearenses
solicitar apoio do Governo Federal em 2025. Atualmente, 36 municípios contam
com reconhecimento de situação de emergência no Estado, segundo informações do
Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil, disponíveis na plataforma Sistema
Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD).
Com a publicação das portarias nº 1.891 e nº 1.905 no Diário Oficial da União, na última quarta-feira (25), três cidades entraram nessa lista: Canindé e Alto Santo por estiagem e Ibicuitinga, por seca. Essas duas situações também atingem outros 28 municípios, como Arneiroz, Boa Viagem, Jaguaribara, Piquet Carneiro e Tauá.
O reconhecimento federal da situação de emergência ou estado de calamidade pública decretada pelo gestor local, em decorrência de desastre, possibilita o acesso a recursos complementares para a execução de ações de resposta e reconstrução. No caso da seca ou estiagem, esse procedimento é necessário para a inclusão na Operação Carro-Pipa.
As outras nove cidades do Ceará em situação de emergência solicitaram apoio federal por desastres meteorológicos — chuvas intensas (7) e vendaval (1) — ou hidrológicos — enxurradas (1).
Algumas delas estão com
dois reconhecimentos simultaneamente, levando a um total de 40 vigentes. É o
caso de Acopiara, Irauçuba, Itapajé — por estiagem e chuvas intensas — e
Mombaça — estiagem e enxurradas.
Confira as cidades com reconhecimento vigente por tipo de desastre, segundo a Classificação e Codificação Brasileira de Desastres (Cobrade) ou pesquise por um município no mapa acima.
Seca
Arneiroz
Ibicuitinga
Piquet Carneiro
Quiterianópolis
Estiagem
Acopiara
Alto Santo
Boa Viagem
Campos Sales
Canindé
Caridade
Catunda
Choró
Deputado Irapuan Pinheiro
Independência
Iracema
Irauçuba
Itapajé
Itatira
Jaguaretama
Jaguaribara
Milhã
Mombaça
Parambu
Paramoti
Pedra Branca
Pereiro
Potiretama
Quixadá
Quixeramobim
Salitre
Tauá
Chuvas Intensas
Acopiara
Capistrano
Caucaia
Irauçuba
Itapajé
Penaforte
Várzea Alegre
Enxurradas
Mombaça
Vendaval
Russas
Série histórica
O major André Sousa, comandante adjunto da Defesa Civil do Ceará (Cedec), explica que o reconhecimento de emergência por seca ou estiagem é recorrente em algumas regiões do Estado, principalmente em localidades do Sertão Central e Inhamuns e do Médio Jaguaribe. “Esses municípios precisam do abastecimento de água por caminhão-pipa para aquelas comunidades difusas, que estão mais distantes da sede e não têm abastecimento por meio do sistema convencional”, explica
Uma vez que a decretação de estado de emergência é um critério para a operação Carro-Pipa, o major explica que cerca de 30 a 40 municípios decretam emergência, anualmente, para serem atendidos. Porém, ele destaca que esse número tem caído nos últimos anos.
Dados do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD), levantados pelo Diário do Nordeste, mostram que, em 2014, o Ceará chegou a ter 176 cidades com situação de seca ou estiagem reconhecida. Em 2019, foram 80. Esse número passou para 37 em 2022; 43 em 2024 e, até o momento, foi de 33 em 2025.
O major André Sousa atribui
essa mudança ao período com melhor recarga hídrica melhor, em relação à seca de
2012 a 2017, e à atuação no âmbito da gestão de recursos hídricos. “No comitê
integrado de segurança hídrica, procuramos sempre fazer obras de adução ou
reservatórios nessas regiões mais precárias, mais difíceis de terem
abastecimento regular”, afirma.
Em relação às ocorrências
ao longo dos anos, ele também cita alguns aspectos que podem refletir o
contexto das mudanças climáticas, como situações em que houve precipitações
mais elevadas em regiões onde esse fenômeno não era percebido há algum tempo.
“Tivemos uma taxa de precipitação muito intensa na cidade de Aquiraz que causou
muitos problemas de alagamento no centro da cidade. Fazia muito tempo que não
ocorriam”, exemplifica.
“Outra coisa que observamos
é a elevação das temperaturas, as ondas de calor no segundo semestre, que por
vezes podem desencadear eventos importantes de incêndios florestais”,
complementa ele, citando épocas em que altas temperaturas, baixa umidade e
fortes ventos levam à ocorrência desses eventos com mais frequência.
Apoio do governo federal
Quando o governo federal
reconhece a situação de emergência ou o estado de calamidade pública, o ente
que solicitou pode ter acesso a diferentes formas de auxílio. Em casos de
chuvas intensas que causam inundações, por exemplo, é possível receber kit de higiene
pessoal e de limpeza, colchonetes, cestas básicas, além de recursos financeiros
para recuperar danos.
Com relação à seca, major André Sousa explica que, além da Operação Carro-Pipa, os municípios podem solicitar ajuda humanitária para questões de segurança alimentar, por exemplo. “Sabemos que a seca e a estiagem reduzem o poder socioeconômico das pessoas. Muitas vezes, um pequeno plantio da agricultura familiar é prejudicado”, explica.
Além disso, ele aponta que o governo estadual, atualmente, também entrega cestas de alimento para municípios que solicitam apoio. “Nos próximos dias”, de acordo com ele, os municípios de Pedra Branca, Campos Sales, Itatira, Canindé, Madalena, Choró, Independência, Russas, Capistrano e Potiretama vão receber esse apoio estadual.
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