Dedicadas à segurança do povo cearense, as mulheres atuam em diversos quadros da Polícia Militar do Ceará (PMCE) e destacam-se pela competência, qualidade e comprometimento em trazer mais proteção e inspiração para toda a sociedade cearense.
Em alusão ao Dia da
Policial Militar Feminina do Ceará, celebrado nesta quinta-feira (26), a
Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) homenageia e apresenta
a história de algumas policiais militares femininas que fazem a diferença na
corporação e na sociedade.
Pioneirismo
Há 31 anos, em 26 de junho
de 1994, ingressava na Polícia Militar do Ceará (PMCE) a primeira turma de
policiais militares femininas. Eram dez oficiais, vinte sargentos, cem soldados
combatentes e quatorze musicistas. Entre essas, estava a coronel PM Asmenha
Cruz, que lembra com carinho seu ingresso na Corporação. “Foi um momento
marcante na minha vida, pois quem é pioneira escreveu história nos anais da
Corporação. Guardo boas lembranças, muito aprendizado e amizades que já
atravessam três décadas”, relembra.
Como uma das pioneiras, a
coronel relata as mudanças que viu de perto nesses anos, sendo elas tanto nas
estruturas físicas, como a criação de alojamentos e toaletes femininos, quanto
no comportamento do efetivo masculino, que teve que se ambientar a conviver com
as mulheres, que até então não faziam parte daquele universo.
“O toque feminino passou a ser visto
nos pequenos detalhes, por exemplo, na decoração dos ambientes, no olhar
humanizado para com os subordinados. O preconceito aos poucos foi dando vez à
confiança e à credibilidade no trabalho feminino, porque as mulheres mostraram,
sem competitividade, que eram tão capazes quanto os homens em quaisquer missões
a executar. Houve majoração no quantitativo de vagas para ingresso nos
concursos. E hoje temos em torno de 1.416 mulheres nas fileiras. E almejamos
que esse número aumente cada vez mais nos tempos vindouros”, ratifica.
Dentro da corporação, a coronel exerceu
funções, como coordenadora de Desenvolvimento Institucional na Coordenadoria de
Desenvolvimento Institucional (Codip), comandante do 1° Colégio da Polícia
Militar Gen Edgard Facó (por duas vezes), chefe de gabinete do Subcomando Geral
da PMCE, diretora de Planejamento e Gestão Interna da Academia Estadual de
Segurança Pública (Aesp), assessora de comunicação social da Academia de
Polícia Militar Gen Edgard Facó (APMGE), subcomandante da Companhia de Polícia
Feminina (CIA PMFEM), secretária da Seção de Ensino e Instrução do Centro de
Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP). Dentre os quartéis citados, os
últimos três já foram extintos.
Atualmente, a coronel PM Asmenha é
coordenadora de Gestão de Pessoas da PMCE, e conta que nunca havia sonhado com
a possibilidade de ser policial, já que à época, não existiam policiais
femininas na Polícia Militar do Ceará (PMCE). Porém, após concluir a faculdade,
com muito estudo e dedicação, houve a oportunidade de prestar o concurso
público para PMCE, sendo aprovada em segundo lugar no certame da Instituição
que a mesma hoje, 31 anos depois, considera com carinho a sua “segunda
casa”.
“À Corporação sou toda agradecimentos,
pois me acolheu como uma segunda casa, agregou em mim conhecimentos que levarei
para toda a minha existência. Sou grata, também, pelas amizades que conquistei
ao longo da minha trajetória nas fileiras. À sociedade que tão bem recebeu as
mulheres nas ruas, dedicando toda confiança no trabalho feminino, o meu muito
obrigada. E digo: acreditem na Polícia Militar do Ceará, a nossa missão é lhes
servir. E àquelas jovens que almejam ingressar na Corporação, em primeiro,
estudem… estudem muito. Abracem a profissão por vocação, coloquem amor em tudo
o que fizerem, sejam justas e honestas. Nossa missão é servir”, finaliza com
carinho a coronel.
Persistência
Graduada em Gestão Pública, Pedagogia e
pós graduada em Segurança Pública, a 2° sargento PM Holanda, realizou o sonho
de ingressar na PMCE em setembro de 2007, aos 31 anos, mas ser policial sempre
esteve no seu coração. “A admiração e respeito por esta profissão surgiu
desde nova, por um dos meus irmãos mais velhos ser policial militar. Então,
cresci com a visão de que o policial militar é um herói sem capa, de carne e
osso, e que sangra”, enfatiza a sargento.
No ano em que as primeiras policiais
femininas ingressaram na PMCE, a sargento Holanda, tinha recém completado 18
anos, porém não pode fazer o concurso por não ter a idade mínima exigida à
época – 21 anos. “No ano seguinte (1995), teve outro concurso, mas
eu também não tinha ainda a idade necessária. Depois disso, passaram-se 10 anos
sem haver vagas para policial feminina nos concursos. As inscrições foram
retomadas apenas em 2006, para ingresso em 2007. Até a data do encerramento das
inscrições, eu deveria ter 30 anos incompletos. As inscrições foram em abril de
2006, e meu aniversário de 30 anos, seria em junho daquele ano”, lembra.
A sargento, que hoje é lotada na 3ª
Companhia do Comando de Operações de Divisas (COD), do Batalhão de Policiamento
Especializado do Interior (BEPI) da Polícia Militar, já fez parte, por exemplo,
do Regimento de Polícia Montada Coronel Moura Brasil (RPMont) e da Companhia de
Policiamento com Cães (CPCães), pertencente ao Batalhão de Polícia de Choque
(BPChoque), relata que a presença da mulher na PMCE é capaz de transformar. “A
policial feminina traz sua excelência para o mundo militar. A mulher sábia,
além de parceira, é aquela que tem a capacidade de transformar o caos em
poesia”, evidencia.
Instrutora da Academia Estadual de
Segurança Pública do Ceará (Aesp) desde 2013, ela destaca a responsabilidade
desse seu compromisso de ensinar os novos Integrantes da Instituição. “Quem é
instrutor sempre fica com o sentimento de responsabilidade de preparar
operacionalmente todos os guerreiros e guerreiras que um dia irão nos suceder
quando estivermos na Reserva Remunerada (RR)”, afirma.
Educação por paixão
A paixão por ensinar também encontra-se
em outras polícias da Instituição, entre essas, a soldado Juliana
Pinheiro, de 37 anos, que após um período de muito esforço, dedicação e
ousadia, ingressou na Polícia Militar do Ceará (PMCE), em 17 de outubro de
2017.
Formada em Biologia, Pedagogia e
Letras/Libras, a soldado, que hoje trabalha no 1° Colégio da Polícia Militar do
Ceará General Edgard Facó (1° CPMGEF), conta que sua trajetória no colégio se
iniciou após enviar um currículo para uma vaga como pedagoga para um projeto de
reforço olímpico realizado pela escola.
“Teve gente que me disse que eu não ia
gostar, porque era ‘escola’, mas o que muitos não sabiam é que antes de ser
policial, eu já era professora. Tenho várias especializações, principalmente na
área da educação inclusiva, que é minha paixão. Hoje atuo no Serviço de
Orientação Educacional e Psicossocial (SOEP) do 1° CPMGEF, ao lado de
psicólogas, assistentes sociais e psicopedagogas. A gente trabalha com alunos
com deficiência, transtornos do desenvolvimentos, dificuldades de aprendizagem,
entre outros, e também acompanhamos as famílias e damos esse suporte que é tão
necessário”, acentua.
A soldado acredita que a mulher na PM,
traz um diferencial a Corporação, “a mulher traz mais sensibilidade, empatia,
sabe lidar com situações de forma mais equilibrada, mais humana, temos um olhar
diferente, uma escuta mais atenta. Isso ilumina o ambiente e é essencial em
qualquer área, inclusive na segurança pública”, reforça.
Desafios e superações
”As mulheres somam forças, elas
conseguem agregar na parte humana como também na técnica. Elas conseguem
gerenciar e modificar o ambiente de trabalho transformando aquilo que parecia
estar perdido em algo vantajoso. A Polícia Militar sempre nos trás grandes
desafios e isso é o que nos faz querer estar aqui”, afirma a comandante da 4ª
Companhia do Batalhão de Polícia de Choque (4ª CIA/BPChq), capitã PM Maria
Freitas.
A comandante, que ingressou na PMCE em
2016, recorda que seu grande objetivo ao terminar a faculdade de Química
Industrial era ser perita, porém a oportunidade do concurso para oficial da
PMCE veio como criar um novo desafio.
A capitã reitera que as mulheres da
PMCE são bravas guerreiras e torce para que mais vocacionadas venham agregar a
segurança pública do Estado. “Nós torcemos que mais e mais venham somar
conosco. Aquelas que se veem no papel de comando e liderança, saibam que aqui vocês
encontrarão diversas oportunidades de exercê-la”, salienta.
Em sua fala, a capitã, destaca a forma
como a PMCE valoriza seus servidores. “A PMCE é uma instituição a qual tenho
muita gratidão e respeito. Tanto no serviço operacional como também no administrativo,
a corporação nos faz enxergar o quanto somos capazes de realizar diversas
tarefas”, enfatiza.
Surpresas
Administradora de formação, casada e
mãe, a capitã PM Katharyne, de 36 anos, que atualmente trabalha no Batalhão de
Polícia de Trânsito Urbano e Rodoviário Estadual (BPRE) da PMCE, descreve a sua
vocação de policial como uma maravilhosa surpresa que a vida lhe deu.
“Nunca fez parte de um sonho, mas desde
o dia que decidi que queria ser oficial da Polícia Militar lutei muito para
conseguir conquistar, estudando muito para o concurso e me dedicando a cada
fase do curso de formação. […] Tenho muito orgulho em fazer parte e servir à
sociedade cearense a quem nós tanto prezamos pelo bem estar ”, ressalta a
capitã, que ingressou no Curso de Formação para Oficiais (CFO) em 2014 e foi
admitida na corporação no dia 05 de julho de 2016, após o término do curso.
Sobre o seu atual trabalho no BPRE, a
capitã destaca: “o interesse de atuar no BPRE surgiu pela especificidade do
tipo policiamento que tem como base a fiscalização de trânsito diferentemente
do policiamento ostensivo geral”.
Para ela, o principal diferencial da mulher
na PMCE é a garra que todas elas apresentam desde que nasce, pela forma de
lidar com os problemas, pela delicadeza e ao mesmo tempo pela força que todas
as mulheres têm. “Pelo atendimento mais humanizado, sensível, inclusivo e
empático com a sociedade em geral”, frisa.
Realização
“Desde jovem, sempre fui atraída pela
ideia de servir à sociedade e fazer a diferença na vida das pessoas. A
profissão de policial militar apareceu na minha vida como uma oportunidade de
unir meu desejo de servir e proteger a comunidade com uma carreira desafiadora
e gratificante. Ao longo do tempo, essa paixão só cresceu, e hoje me sinto
realizada em poder contribuir para a segurança e o bem-estar da população”,
inicia a soldado Jéssica, de 30 anos, que ingressou na PMCE em 2018.
A soldado, que atualmente está no
Comando de Policiamento de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio),
comenta que o seu interesse surgiu quando descobriu o trabalho incrível que a
unidade realiza em prol da comunidade.
“A missão de promover a segurança e o
bem-estar, especialmente em áreas de grande necessidade, ressoou profundamente
com meus valores, gostos (sempre gostei muito de pilotar moto e cresci no
interior) e objetivos profissionais. A expansão do CPRaio para o interior foi
um fator decisivo para mim, pois vi uma oportunidade de ingressar em uma
unidade especializada e fazer uma diferença ainda maior”, afirma.
Para ela, a presença de mulheres na
Polícia Militar do Ceará traz uma perspectiva única e valiosa para as operações
e interações com a comunidade. “Mulheres policiais militares têm demonstrado
habilidades excepcionais em lidar com situações delicadas e em promover a
empatia e o entendimento, o que é fundamental para construir confiança e
cooperação com o público. Além disso, a diversidade de gênero enriquece a
instituição, permitindo abordagens mais abrangentes e eficazes para a segurança
pública”, finaliza.
Vocação
Em julho de 2025, a soldado Nara Cruz,
de 25 anos, completa um ano na Gloriosa, como é carinhosamente chamada a
Polícia Militar do Ceará (PMCE). Ela, que é bacharel em Serviço Social, relata
que o sonho de ser policial militar, diferente de muitas pessoas, foi construído
na vida adulta, com muita consciência e maturidade.
“Pela minha personalidade, algumas
pessoas já comentavam que eu combinava com a carreira policial, mas só comecei
a considerar essa possibilidade na reta final da faculdade. Comecei a estudar
buscando estabilidade, mas com o tempo fui me identificando com a profissão.
Durante o curso de formação, tive a certeza de que era esse o meu caminho.
Hoje, vejo que nasci para estar na segurança pública e não me imagino atuando
em outra área”, conta.
Do período de estudos ao ingresso na
corporação, a soldado lembra que houveram diversos desafios que a fizeram
descobrir a sua força e transformar todas as dificuldades em motivação.
“Aprendi a me manter firme mesmo com medo, a continuar mesmo sem garantias, e a
transformar toda essa ansiedade em motivação. Hoje eu olho pra trás com orgulho,
porque sei o quanto lutei para conquistar esse fardamento e o quanto ele
representa não só para mim, mas para todas as mulheres que sonham em ocupar
esse espaço”, acentua.
Para a soldado, a presença de mulheres
na Polícia Militar do Ceará (PMCE) traz uma perspectiva única e valiosa para as
operações e interações com a comunidade. Mulheres policiais militares têm
demonstrado habilidades excepcionais em lidar com situações delicadas e em
promover a empatia e o entendimento, o que é fundamental para construir
confiança e cooperação com o público. Além disso, a diversidade de gênero
enriquece a instituição, permitindo abordagens mais abrangentes e eficazes para
a segurança pública.
Breve histórico
O policiamento feminino na Polícia
Militar do Ceará teve início com a criação da Companhia de Polícia Militar
Feminina da PMCE nos termos dos artigos 154 e 155 da Constituição Estadual e
pela Lei nº 11.035, de 23 de maio de 1985. Porém, sua implantação se deu
somente em 1994 com a publicação do edital nº 011/94 da Diretoria de Ensino da
Corporação que deu início ao processo de seleção através de concurso público,
para recrutamento, seleção, matrícula e admissão aos Cursos de Formação de
Oficiais, Sargentos e Soldados femininos.
O coronel PM Manoel Damasceno de Sousa,
comandante-geral da PMCE à época, solicitou ao comandante-geral da PM do
Distrito Federal (Brasília) a cessão de policiais militares femininas daquela
instituição para que fosse iniciada assim a formação profissional das novas
policiais haja vista que a PMCE não dispunha em seus quadros ainda de tal
efetivo.
A missão coube às policiais: capitão
QOPMF/PMDF Solange da Silva Rezende, 2º tenente QOPMF/PMDF Priscila Riederer
Rocha e a 2º sargento QPPMF/PMDF Vânia Ferreira Sabino, que em 26 de junho de
1994, iniciaram a formação de dez oficiais, vinte sargentos, cem soldados
combatentes e quatorze musicistas, na Academia de Polícia Militar General
Edgard Facó, comandada inicialmente pelo coronel PM Celso Augusto Medeiros e
posteriormente pelo tenente-coronel PM Francisco Célio de Freitas.
Os primeiros comandante e subcomandante
da Companhia PMFem, respectivamente, foram, na época, major PM Francisco Carlos
Francelino Mendonça e a 2º Tenente PM Cléa Pontes Medeiros Beltrão.
Informação: Ascom SSPDS CE
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