A Assembleia Legislativa do Ceará realizou nesta segunda-feira (2) um
debate sobre o "Escola Sem Partido", que prevê medidas contra o que os
idealizadores do programa chamam de "doutrinação político-partidária"
dos alunos por parte dos professores, entre outras ações. Houve protesto
dos participantes contrários ao "Escola Sem Partido" durante o debate.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSC-SP), defensor do projeto,
participou do evento ao lado da presidente da Comissão de Educação da
Assembleia, deputada Dra. Silvana (PMDB-CE), além de vereadores
cearenses.
Antes do início da audiência pública, representantes de entidades e
sindicatos contrários à proposta realizaram uma manifestação do lado de
fora da prédio. O debate foi aberto ao público e a sala onde ocorreu a
audiência ficou lotada de apoiadores e de opositores e houve um
princípio de tumulto.
Eduardo Bolsonaro afirmou que "se o país (Brasil) fosse sério, esse
projeto não deveria nem ser discutido, porque nossos professores teriam
decência para não emboscar os alunos nas salas de aula".
"A gente tá impedindo que alunos se rebelem contra os pais. Nós estamos
impedindo que eles caiam no tráfico de drogas. Defendemos a pluralidade
de ideias. Qual dos artigos fala em 'Lei da Mordaça'? Uma coisa é
liberdade de expressão, que eu exerço no meu Facebook, onde eu falo o
que eu quiser. Outra coisa é uma aula de português, aí eu tenho que dar
aula de português, de gramática", disse.
O estudante Leonardo Guimarães, diretor da União Nacional do Estudantes
(UNE), participou do debate e se posicionou contra o projeto. Ele
afirmou que o principal problema das escolas é a desvalorização dos
professores.
"Sou contra porque esse projeto parte de uma premissa absolutamente
equivocada de que estamos criando nas nossas escolas seres críticos e de
esquerda. Eu queria mesmo era que as escolas tivessem professor.
Enquanto as escolas não têm orçamento nem valorização do professor, tem
gente achando que o principal (problema) da escola é doutrinação. O
principal problema da escola é a falta de orçamento".
Manifestações
Manifestantes usaram panos pretos na boca e gritaram que o projeto cria
a "Lei da Mordaça". Houve um princípio de tumulto no interior do
auditório, mas logo foi contornado pela polícia.
Antes da chegada de Eduardo Bolsonaro, um grupo de manifestantes também
realizou um protesto do lado de fora da Assembleia legislativa.
Utilizando um carro de som e faixas, eles afirmaram que o projeto Escola
Sem Partido tira a autonomia dos professores dentro das salas de aula.
O ato foi realizado por representantes da Central Única dos
Trabalhadores, Sindicato Único dos Trabalhadores do Ceará (Sindiute),
partidos políticos, professores e estudantes.
G1/CE
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